domingo, 10 de agosto de 2014

Sonhar II - A viagem

Depois de ter perdido meu passaporte e minha passagem de avião na Cidade do México, no México (dã), quase ter perdido um  vôo para outro país por causa de uma impressão, e por pouco ter ficado na Irlanda porque o sistema do aeroporto de Dublin dizia que meu visto estava ilegal, ficou mais que constatado que eu tenho problemas com aviões.  Eu contei todas essas histórias para um amigo aqui de Tempe e ele ficou surpreso. Quando eu recebi a notícia de que eu precisaria viajar para outro estado para fazer um projeto de pesquisa, eu só pensei em ir de ônibus. Porém, eu recebi o dinheiro destinado à compra das passagens muito em cima da hora. Então tive que comprar uma maldita passagem de avião. Sabendo disso, meu amigo falou: "Marcela, dessa vez você não vai ter problema. Eu vou te ajudar e você vai pegar esse vôo com toda tranquilidade". Fiquei aliviada por saber que alguém ia me ajudar. Meu vôo estava marcardo para as 6 da manhã do domingo mas não daria tempo eu ir no primeiro trem do domingo. Então decidi pegar o último trem do sábado e ficar no aeroporto até de manhã. Parecia o plano perfeito. 
No dia da tal viagem, eu arrumei minhas malas, chorei porque ia ficar longe dos meus amigos, fiquei abraçada com as minhas blusas da ASU, já sentindo saudade. Depois fiquei em estado de choque quando a ficha caiu a respeito do que eu estava prestes a fazer. Postei mensagem no face, pintei o cabelo e arrumei meu quarto. Faltando 15 minutos para o último trem passar, meu amigo fala comigo: "Marcelaaaaa, vamoooosss!!!". Concordei. Peguei minhas malas, descemos. Quando eu estava chegando na estação do trem, não sei como, o infeliz do trem apareceu na esquina. Corri. Corri. Passei no sinal vermelho para pedestre e comprei o ticket. Quando eu peguei o ticket da máquina, o trem simplesmente passou... e lá vai a Marcela ficar na estação. Comecei a xingar. O meu amigo ficou impressionado com como eu tinha azar mesmo. Ele tentou me acalmar e eu furiosa "Cara, aquele era o último trem!". Depois de eu chamar um táxi, eis que outro trem infeliz aparece na esquina. Aí meu amigo olhou pra mim com aquela cara de vitória "Eu não disse que tinha outro?". Eu com cara de alívio. Abracei meu amigo, entrei no trem. Para mim, eu tinha acabado de tirar 20 quilos das costas. Quando eu finalmente respirei aliviada, o trem para. Entram uns guardas e falam: "Essa é a última parada, todo mundo tem que sair do trem". Eu quis chorar. Lá estavam eu e minhas malas no meio da rua de madrugada. Eu não tinha ideia de onde eu estava. E todos os táxis que eu tentei chamar estavam indisponíveis. Começei a arrastar a mala e procurar algum lugar para usar como ponto de referência no caso de eu achar um táxi disponílvel. Depois de muito andar, um senhor parou o táxi dele e me perguntou: "Perdida?". Perdida não, meu senhor, azalada mesmo. Ainda não foi dessa vez que eu tive sorte em pegar avião. 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sonhar I - A antena



Em 1964, Arno Penzias e Robert Wilson descobriram a radiação cósmica de fundo que é considerada a maior prova do Big Bang e a descoberta mais importante depois daquela feita por Hubble sobre a expansão do universo. Aconteceu que um grupo de cientistas estava detectando um ruído muito forte nas ligações que eles faziam dos Estados Unidos para a Europa. Os cientistas ficaram se perguntando de onde aquela interferência vinha. Eles pensaram que era um problema técnico na antena causado pelo cocô dos pássaros. (haha). Depois da chacina dos coitados dos pássaros, o ruído continuou e eles começaram a aprofundar as pesquisas. Até que descobriram que aquele ruído era causado porque a antena que eles estavam usando captava os ecos deixandos pela explosão do Big Bang. Por conta disso, Penzias e Wilson ganharam o Nobel de Física. Mas como eu sei disso? Bem, eu li no meu livro do ensino médio. Eu vi a foto dos dois cientistas na frente da tal antena e achei aquela história maravilhosa. Essa antena existe até hoje, em Holmdel, uma cidade bem pequena em Nova Jersey.
 Eu estava fazendo um projeto em um estado próximo e pensei: chegou a minha vez de conhecer essa antena. Pois bem, quase 12 horas de viagem para Nova Jersey, mais 3 horas de ônibus e trem até chegar em Holmdel. Quando eu cheguei na cidade, eu tinha que pegar um táxi para ir até o local da antena. O problema era que eu não sabia se era permitido ir lá. Eu não achei táxi disponível. Já que eu já tinha passado 3 horas para chegar lá, eu decidi ir andando mesmo. Depois de andar por cerca de meia hora, eu cheguei numa rodovia e vi que a mesma estava interditada. Foi a decepção para mim. Eu estava tão perto da tal antena...Aí um policial veio falar comigo e eu expliquei para ele para onde eu queria ir. Ele falou que eu tinha que voltar tudo que eu tinha andado e pegar outro caminho porque por aquela rua estava impossível. Eu baixei a cabeça e falei que tinha tentado pegar um táxi mas não tinha dado certo. Aí ele gentilmente ligou para um táxi para mim e eu fui para a esquina esperar o táxi. Minutos depois ele foi lá é disse: “O que é mesmo essa antena hein?” Aí eu expliquei a coisa nerd toda. Ele olhou para a minha cara de entusiasmo explicando as coisas e disse “E tu veio para Nova Jersey, para essa cidade aqui, e estava andando esse tempo todo só para ver essa antena?” E eu disse “Sim, é um dos meus sonhos desde quando eu era adolescente”. Ele disse que nunca tinha ouvido falar dessa antena, mas já que eu estava tão empolgada, um amigo dele ia me levar lá. Aí enquanto eu esperava o amigo dele chegar, nós falamos sobre o Brasil, sobre as coisas legais em USA, muito legal mesmo. Depois de uns minutos, o outro policial chegou. Eu expliquei para ele e ele ficou tocado com a minha empolgação. Aí ele disse: “Ok, aquilo é uma propriedade privada, é proibido entrar, mas vamos testar, quem sabe você consegue umas fotos lá”. Entrei no carro. Coração na mão. Quando eu avistei a antena, os meus olhos encheram-se de lágrimas. Eu desci do carro e vi uma placa sobre o Penzias e o Wilson. Eu chorei feito uma criança. Eu simplesmente não acreditava que aquele lugar era o lugar que eu tinha visto tantas vezes nos livros de Física. Aí depois de um silêncio, o policial falou: “Ei, tire quantas fotos você quiser, não se preocupe”. E Pronto. Meu dia estava completamente perfeito. Eu realizei o sonho de ver a Holmdel Horn Antenna. Depois eu disse que ele podia voltar para o serviço que eu ia andar para a estação de trem. Ele disse “Claro que não. Vamos voltar, vamos nos despedir do outro policial e eu vou te deixar na estação de trem. Não é todo dia que eu encontro uma brasileira que gosta tanto dessas coisas como você. Eu trabalho aqui há 15 anos e nunca tinha parado para ler essas placas. Nunca imaginei que isso podia ser tão importante para alguém. Eu estou muito feliz por estar participando desse momento tão importante para você. Muito legal fazer parte da sua ‘Big Bang Theory’. Sobe ali nas escadas, finge que você trabalha lá."Me realizei. Depois de admirar tudo o que queria. Ele me levou para dizer bye para o outro policial e me levou para a estação de trem. Ele ficou muito admirado com a minha história e falou que eu era muito brava. Se eu tivesse ido andando ou de táxi, eu não poderia entrar no local para ver a antena, mas no carro da polícia né.... outros 500. haha. A minha sorte é que eu sou apaixonada pela coisas e existem pessoas apaixonadas por ajudar :)  

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ser I

Quem mora no interior sabe como uma conversa se espalha e cresce. Alguma coisa acontece na praça as 3 horas da tarde, as 3:15 já chegou no Multirão, na Caixa D'água, no Mussu, e no Alto do Bode, mas claro, uma história diferente em cada lugar. Pois bem, depois de termos ganhado por dois anos seguidos a prova de ciência da Gincana nas Escolas, no terceiro ano estávamos sem ideias. Então depois de tentarmos o bom  e velho experimento da pilha com a batata inglesa resolvemos seguir uma sugestão. Tinham visto na Internet que em um feira de ciências alguns estudantes tinham colocado fogo nas mãos mas não se queimavam por conta de uma camada daquele tipo de sal azul que se coloca em piscina. Então pensamos "É esse mesmo". Compraram o sal azul e o álcool em gel. Fomos para o colégio para começar os experimentos. Depois de tentar umas cem vezes sem sucesso, eu disse: "Ok, vamos tentar mais um vez e depois vamos desistir". Enquanto eu me preparava -  lógico, eu era a pessoa que colocava fogo na própria  mão - o pessoal do grupo de dança chegou. Entre eles estava a minha amiga que perguntou se ela podia ficar na sala enquanto fazíamos os teste. Eu disse "Ok". Eu tinha lido na Internet que o tal sal azul é corrosivo, e se engerido em altas dosses pode matar. Mas estava tudo sob controle. Até que eu coloquei o fogo na mão, e depois de uns 6 segundos, minha mão começou a esquentar. Involuntariamente, eu sacodi a mão cheia de álcool em gel e sal azul e essa mistura se espalhou para todo lado na sala, mas o pior, uma porção saiu dentro do olho da minha amiga. Aí começou o desespero. Um gritaria. Ela reclamando de dor no olho e eu só pensando no pior. Ainda bem que o hospital é ao lado do colégio. Aí levaram ela para lá, o doutor deu um carão na gente, e ela ficou lá colocando soro no olho. Felizmente, não foi nada grave. Só que nesse meio tempo, algumas pessoas já tinham ido espiar  na porta do hospital para ver o que estava acontecendo. A conversa que chegou na praça era que ela tinha ficado cega, a conversa que chegou na rua dela foi que ela tinha perdido o olho, a conversa que chegou na casa dela era que o doutor dizia "Minha filha, olhe para cima" e ela levantava a cabeça e segurava um dos olhos com as mãos, levantando-o pra cima também. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

Lar XIII

Agora a pouco me peguei chorando com saudade de uma pessoa que eu nunca tive proximidade: o Tizaguinha. O tio Gonzaguinha é o tio que eu mais gosto. Ele é irmão do meu pai. O mais novo de uma família de 14 filhos, mas como dizia a minha vó "só 7 se criaram". Na minha vida eu vi ele pouquíssimas vezes mas as poucas vezes que eu o vi, eu aprendi muita coisa. Ele é um sertanejo. Acorda muito cedo e vai encher todas as vasilhas com água. Anda a distância que precisar para encher os potes, as bacias e até os canequinhos que ele encontra. Foi criado nos Targinos, lá perto de Canindé. Homem forte, bravo. O respeito muito. Não preciso dizer que passou fome e que passou necessidade quando era criança. Acredito que ele nunca tenha ido a escola, não saiba ler, só faça contas muito simples mas é uma das pessoas que eu mais sinto saudade. Acho que me falta conviver com aquela simplicidade e aquela calma. Ele é uma pessoa linda. Isso faz muita falta. Quando eu voltar para o Brasil eu vou para Pacajus só para ver o Ti Zaguinha. As última notícias que eu recebi sobre ele era que ele estava sentindo dores no coração, mas mesmo assim, ele tinha que trabalhar debaixo de um sol escaldante. Uma pena. Eu espero do fundo do meu coração que ele esteja bem. Eu lembro de ele sentado em um tamborete perto da porta da cozinha, bebendo água dizendo "ô caô, Golete". Quando ele ia pra Aratuba, meus irmãos o cercavam e ficavam brincando com ele. "-Ti Zaguinha, onde vamos passear hoje?", "-Oda gigante",  "-Ti Zaguinha, o que é mulher?" "-Cacinha". E todos ficavam rindo. Sempre colocávamos toalha de banho para ele se enxugar, mas acustumado com o calor do sertão, ele se vestia direto e descia para a missa da festa do padroeiro só com alguns botões da blusa fechados. E a noite lá estava ele, no canto, olhando as pessoas entrarem na fila da roda gigante, olhando o pessoal atirar nas picocas e xilitos.  Simplicidade é tudo na vida. Eu estou chorando com saudade disso. 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Lar XII

         Eu fiquei muito impressionada quando vi uma havaiana custando 32 dólares. Sim, 32 DÓLARES, aproximadamete R$75. Acho que foi sabendo disso que uma criança roubou a minha chinela havaiana quando eu estava na alfabetização. Aliás, minha não! Do Marcelo. Eu acho que a minha provavelmente estava com todos os pregos da Gerdau embaixo por conta os cabrestos quebrados. E por mais que na época um par de havaianas custasse uns R$2,50, isso era muito dinheiro para o meu pai poder comprar duas havaianas de uma vez. Pois bem, quinta-feira a noite, meu pai chega com uma sacola. Pelas aberturas das alças eu vi que era uma par de chinelas. Pensei "Opa! Vou ganhar um par de chinelas, finalmente" pois o diaxo daqueles pregos embaixo da chinela já estavam me matando. Então meu pai tirou a chinela da sacola, abriu o saco e quando eu fui extendendo a mão para pegar... ele diz "Menino, calça esse chinela". Morri. Fui dormir triste e desiludida por causa desse chinela. Era a chinela do mês...e foi para o Marcelo. Tudo bem.
        Sexta-feira acordo animada para o último dia de aula da semana. Tô lá tentando dá um jeito de arrumar meu cabelo que como dizia o meu finado avô, parecia que tinha sido penteado com um ciscador. A minha mãe põe um sapato no Marcelo e vem em minha direção com o tal par de chinelas. Elas eram aquelas havaianas tradicionais: brancas com o cabresto e as bordas azuis. Lindas, novas, sem marca de dedo. A minha mãe colocou-as no meu pé, apesar de eu calçar 2 números a mais, eu empurei o pé até caber. Pronto. Eu ia pra aula de chinela nova! Desci o alto da caixa d'água bem devagar, fazendo o par de chinelas brilhar nos meus pés. O contraste com a cor da minha pele fazia a chinela ficar ainda mais chamativa. Desci, parecendo que estava com uma lanterna no pé. Quando chego na escola, dia normal. Merenda da Tieta e a mulher do Primo: caldo de ovo. No entando, nessa época o espírito da sexta-feira já existia, sendo assim, a tia Telma levou a gente para ir brincar no parque da CNEC. Felicidade. Brinquei na gaiola, no balanço, na escada até que veio a minha ruína: o escorregador. Eu estava muito emplogada brincando na areia, mas queria ir brincar no escorregador. Coloquei as chinelas em um pequeno buraquinho de areia e subi no escorregador. Brinquei, brinquei, brinquei. Na hora de ir embora, olhei para o lugar onde eu tinha guardado as chinelas. Como se diz no Ceará, "tava só o canto". Começou o desespero. Cadê a chinela nova do Marcelo. Sai cavando o parque para ver se alguém tinha escondido mas não achei mais. Fui para casa chorando e  com meio quilo de terra debaixo das unhas. Ficamos sem chinelas novas.
       Anos depois, o Seu Amaral achou uma chinela pelo parque e levou pra gente ver. Não era a chinela do Marcelo mas me fez lembrar daquele triste dia e me pois a chorar só de lembrar.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Lar XI

Ainda lembro quando davam  as 17 horas. Aquele frio nos atravessava a alma. A serra se escurecia e calava. Parecia que mais ninguém saía de casa. Só a cigarra que quebrava o silêncio de vez enquanto anunciando o inverno rigoroso que se aproximava. E cada dia a natureza dava seus sinais. Aquela serra é a coisa mais linda. Da minha casa , eu via a Igreja Matriz e as palmeiras centenárias a sua frente. Típica cidade do interior. Igreja, praça, hospital. Eu me debruçava na janela fria e ficava olhando as pessoas que voltavam do trabalho. Cada um com um rosto diferentes mas todos com expressão amistosa. Aqui e acolá se ouvia um “ôpa” e alguém lá na frente respondia. As vizinhas começavam a desfazer as rodas de conversa e iam preparar a janta para a família. A cidade toda colorida de roupa estendida nos varais e espalhadas pelas calçadas, de repente ficava cinza.  As crianças se recolhiam também por causa do frio, apesar de sempre haver um cristãozinho que aguentava ficar sem blusa com os pés descalços para desespero da sua mãe.  Ouviam-se sempre nos finais de tarde: “Entra pra dentro, fulano, teu pai vai já chegar!”. Assim a vida na pacata cidade se fazia. Aos poucos o cheiro de comida tomava conta da rua e eu ficava tentando adivinhar de onde vinha cada cheiro. “Hum, cuscuz deve ser da casa da Jeane e o cheiro de peixe deve ser da casa da dona Eliane, porque ontem o pai foi pescar com o seu Edmilson”. Cada dia um novo cheiro. Até que o sol por inteiro se punha e as primeiras estrelas apontavam no céu como grandes olhos da noite. Meu pai finalmente chegava. Pedia um copo de água e eu e meus irmãos o ajudávamos a contar as moedas para ver se ele nos dava algumas delas. Era sempre assim, ganhávamos 10 centavos, mas o meu irmão que era mais velho ( era grande) ganhava 25 centavos. Quando ele não dava ia cada um para o seu lado, cabisbaixo. Fora um dia perdido...

Até que o relógio da matriz dava suas 6 batidas, avisando que já eram 6 hora da noite. O Cezinha ligava a radiadora e era iniciada a hora do anjo. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

Lar X

Faltar energia no interior antigamente era muito comum. Em toda casa se achavam velas, lampiões e lamparinas. Ainda lembro os meus pais falando coisas como "Ah, isso é coisa do Paulo e do Afonso brigando" quando faltava energia. Coisa que só fui entender bem mais tarde quando aprendi sobre as usinas em Paulo Afonso. Quando faltava energia, a minha mãe ia na cozinha, abria o guarda-louça velho e tirava as velas. Quando não tinha, meu pai mandava um de nós subir a rua no escuro para ir comprar velas no Seu Joaquim.
Um dia, meu pai muito prevenido mandou eu ir comprar velas. Me deu 1 real. Lá fui eu, 7 ou 8 anos descendo a rua para comprar velas. Fui no Edsilson, 8 velhas, 1 Real. Fui no Lásaro. Peguei um maço de velas e perguntei: "Quanto é esse maço de velas?" O Lásarou olhou para a minha pequena mão segurando as velas e disse "1Real". Eu olhei para a embalagem das velas, não sabia ler muito mas eu entendi muito bem "Contém 8 velas". Então eu perguntei: "Quanto é uma vela?", ele disse "10 centavos". Fiquei confusa. Eu perguntei  "Quanto é esse maço de velas com 8 velas?". Ele disse, quase sem graça "1 real". Aí só para confirmar eu perguntei o preço da vela novamente, e ele impacientemente respondeu "10 centavos", mas percebendo que o preço realmente não fazia sentido. Quando eu vi que não tinha jeito, me estiquei toda para que a minha mão com o dinheiro alcançasse o outro lado do balcão para poder pagar pelas vela. Quando eu coloquei o dinheiro na mão do Lásaro, ele pegou duas moedas de 10 centavos, olhou pra mim sorridente e disse "Ah, o maço de velas custa 80 centavos".