A minha melhor amiga na minha infância foi a Tailane, ou Tatá, para os íntimos. Poucas são as lembranças que eu tenho da minha infância e que ela não está presente. Eram longas tardes fazendo roupas para bonecas, comida de mato, brincando de irmãs e a dupla "Márcia e Ângela" - nossos nomes nas brincadeiras - sempre estavam prontas para a emocionante missão de matar um tal de Seu Joaquim, que como várias outras pessoas, só existia na nossa cabeça. O nosso local de brincar costuma ser o quintal da minha casa e a dispensa onde o meu pai guardava os pregos, martelo, tinhas, pincéis, essas coisas de conserto de casa.
Um dia, eu e a Tatá éramos irmãs e morávamos juntas. A nossa casa era a dispensa. Justamente antes dessa brincadeira, meu pai pusera uma lata de tinta mal fechada em umas das prateleiras da dispensa. Brincadeira vai, brincadeira vem, eu bati sem querer na maldita prateleira e a tinha caiu em cima de mim e da minha amiga. Foi um chororô só. Ela preocupada da surra que ir sofrer se chegasse em casa toda azul e eu chorando porque o meu pai ia me matar. A brincadeira terminou, ela foi embora. eu estava parecendo a Mística. Depois do banho,vesti uma roupa bem fechada, me enrolei toda e fui para o quarto. Fiquei toda enrolada até dormir. Quando eu acordei, meu pai e meus irmãos assistiam TV sentados ao meu redor. Eu estava morrendo de medo e pensava em um plano para fugir dali. Ainda fingi estar dormindo por alguns minutos até que decidi me levantar e sair bem devagarzinho sem ninguém perceber que eu existia. Abri os olhos, me sentei na cama e na hora de levantar, meu irmão puxa a gola da minha blusa e pergunta: "Marcela, o que isso aqui azul em tu ?"
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