domingo, 26 de maio de 2013

Mar I

    Ultimamente várias notícias de estupro dentro de carros na região Sudeste têm sido divulgados. Eu fico horrorizada. Já vivemos presos em casa - e eu digo isso porque quando estou em casa, tenho medo de abrir  até a janela - e eu fico angustiada toda vez que eu saio na rua. Eu me sinto numa selva cheia de predadores. E depois de 3 assaltos, eu simplesmente só penso em chegar logo em casa. Os crimes que acontecem nas cidades do Sudeste, chegam aqui também como se fosse uma espécie de "moda do mal".
    Há alguma semanas, eu estava voltando da faculdade: 23h, segunda-feira, Montese. Desço do ônibus e olho triste aqueles 4 quarteirões (aparentemente)desertos que eu preciso atravessar até chegar em casa. Vou andando e na primeira esquina o carro buzina atrás de mim, depois passa do meu lado e para. Lá de dentro uma voz masculina pergunta: "Você sabe como se chega ao Bairro de Fátima daqui?". Apesar de não parecer ameaçador, eu tremi. Fiquei nervosa e assustada, complemente diferente de como eu ficaria quando eu tinha acabado de mudar para Fortaleza, pois se fosse nessa época, eu tinha respondido com a maior solicitude do mundo. Não foi o que aconteceu. Eu apenas disse que não sabia, mas perguntei se ele sabia chegar no Bairro de Fátima pela Expedicionários e ele disse que sim. Eu falei então: "Pode ir direto nessa rua que lá na frente você pode dobrar a esquerda e você vai chegar na Expedicionários". O homem olha para mim e diz: "Você não quer entrar aqui não? Para me ajudar a chegar lá". Gelei. Disse que não. Ele insiste: "Poxa, seria tão bom se você entrasse aqui para me ensinar, estou perdido". Eu falei (menti) que já estava perto de casa, que se eu fosse deixar ele lá, eu ia voltar andando de muito longe. Ele diz "Tudo bem, vou tentar achar pelo GPS". Agradeceu e eu saí com o coração na mão, apressando o passo. Na minha cabeça, aquele homem ia voltar e me obrigar a entrar no carro. Pode ser que o sujeito fosse de bem mesmo, mas infelizmente estava amedrontada demais para ter tempo de analisar isso na hora. Só sosseguei quando cheguei em casa. Depois fiquei pensando: se ele tinha GPS, por que ele não tinha usado logo?

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