segunda-feira, 22 de julho de 2013

Lar VII

    A Natália tem  fama de ser inconveniente. Ela rir desesperadamente e muito alto (ok, eu também faço isso às vezes), faz perguntas indiscretas e fica falando de coisas sem noção na frente das pessoas. Ela não tem jeito. Não adianta aconselhar: "Natália, na frente de fulano, não fala disso que ele não gosta". Quando o dito cujo aparece, depois de alguns instantes, lá está a Natália: "Fulano, a Marcela é tão besta que pediu para eu não falar sobre [o assunto proibido] contigo, olha!". Minha cara vai ao chão. Meu tio teve o maior trabalho de aquietar a cachorra e os filhotes no dia que nós fomos para um aniversário na casa dele. Mal a Natália chegou, foi mexer com os cachorros, espatifa-los pelo quintal. Minha cara vai ao chão pela segunda vez. 
   Mas não é de hoje que ela apronta dessas. Quando a minha mãe estava grávida do meu irmão mais velho, a Natália era bem pequena ainda. Ela ficava admirando a barriga da minha mãe. No dia que o meu irmão nasceu, foram deixar a minha mãe e o recém-nascido em casa. Quando a minha mãe desceu do carro, a Natália foi espiar. Logo deu falta da barriga. Ficou decepcionada. Com a cara mais triste do mundo, olhou para a minha mãe, para o bebê e disse: "Mããããããããee, cadê a barriga da senhoLa?". A minha mãe sorriu diante de tamanha inocência. A Natália, inconformada e inconveniente desde sempre, levantou o vestido da minha mãe na frente de todo mundo e meteu-se lá procurando a barriga fujona. A cara da minha mãe foi ao chão e continuou indo muitas vezes ainda...